Do alto do Elevador Lacerda, na Cidade Alta, saboreando um sorvete na Cubana ou contemplando o esplendor do Palácio Rio Branco, basta alongar um pouco as vistas em direção à Baia de Todos os Santos, para se ter uma antevisão do paraíso que se chama Mar Grande.
Do outro lado da Baía, ela contempla Salvador com aquela malemolência própria de uma antiga vila de pescadores, descoberta pelos veranistas da capital, mas que hoje é mais uma cidade dormitório.
Ou apenas um refúgio para quem não quer enfrentar a correria da cidade grande. Prefere a brisa serena da entrada da Baía, pescar siri de gereré ou apenas contemplar o vai e vem dos barcos de pescadores.
Se foi dali, desse cartão postal de Salvador, com direito a visão do elevador Lacerda, do Mercado Modelo e do Forte São Marcelo que um rebelde adolescente de cabelos aloirados e fartos se encantou por essa ilha e lá procurou abrigo no final da década de 60,só ele para contar.
Certo é que foi lá que ele aportou, misturando-se aos hippies que então desfrutavam daquele paraíso, para se tornar um dos mais ilustres descobridores desse pedacinho encantado de Bahia.
Está curioso em saber quem foi um dos primeiros a se enamorar por esse paraíso?
Pois é, foi um dos maiores comunicadores do Brasil: o jornalista e apresentador, Marcelo Rezende, que recentemente nos deixou.
Mar Grande o seduziu e acalentou. E quase o faz deixar tudo para trás, virando morador de verdade, embrenhado entre pescadores e nativos, já então com seu estilo irreverente e inconfundível, que tanto sucesso fez nos fins de tarde com o seu Cidade Alerta, na Record.
Mas um dia a rebeldia o fez arrumar a mochila e voltar ao Rio em busca de novas aventuras. Ainda que saudoso, Marcelo se foi, mas deixou na encantadora Mar Grande um pedacinho do coração e muito boas lembranças. Hoje, saudades mais doídas com a sua morte.
Daí, quase meio século depois, vale à pena conferir o que ele viu de tão encantador nessas praias e nessa localidade, à época quase que só uma aldeia de pescadores e uns poucos veranistas nos meses de dezembro e janeiro.
Para quem quer chegar rapidinho até lá, o melhor caminho é pegar uma lancha no Cais do Terminal Marítimo, próximo ao Mercado Modelo, e em menos de meia hora estar do outro lado da baía.
A travessia acontece de 20 em 20 minutos, e só é interrompida nos períodos de maré baixa, por causa da atracação na ilha. O canal de acesso é bem raso. A tragédia que se abateu numa manhã de temporal e ventos fortes foi a única em mais de meio século de travessia.
Para aqueles que não consideram o tempo, o melhor é ir de carro, pelo sistema ferry boat, com direito a passagem com hora marcada e, em 45 minutos, chegar à ilha, mais precisamente a Bom Despacho, levando mais 15 minutos de carro até Mar Grande.
Em qualquer das opções, o passeio vale à pena. A localidade é considerada um cartão postal da Ilha de Itaparica e um dos destinos favoritos da maior parte dos turistas que visitam a região.
Seu clima agradável e belas paisagens fazem do lugar uma ótima opção para todos os públicos. É uma das praias mais urbanas da ilha, atraindo aqueles que não abrem mão do conforto. Conta com uma boa faixa de areia clara e fina, onde estão dispostas várias barracas de palha com mesas e cadeiras.
Seu mar é levemente agitado, de tom esverdeado, muito convidativo para um mergulho. Possui ótima infraestrutura, com quiosques que servem comidas típicas, além de bares e restaurantes.
Mar Grande também é a cidade/sede do município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, que se divide entre com outra cidade, com o mesmo nome da ilha.
Ali perto, a alguns minutos de carro ou de transporte público freqüente, pode-se chegar a outras praias como Penha, uma espécie de enseada de águas mornas e tranqüilas; Conceição, Barra do Gil e Barra do Pote, com características parecidas.